quarta-feira, março 10, 2004
Frase do dia: “Fumo para me lembrar dos teus lábios que fumam”.
O DIÁLOGO QUE SE SEGUE É DA i RESPONSABILIDADE DOS QUE SABEM QUEM SÃO MAS NÃO QUEREM SABER, e foi gravado em segredo no dia em que arranquei com uma navalha o coração do meu peito ( porque com um canivete achei que levaria mais tempo)
- Bem, só espero que não te estejas a meter noutra fria. O teatro de marionetas só interessa a quem segura as cordas.
- Ééééééééé óóóó pá!!! Também eu espero que sim. Quanto às marionetas prefiro segurá-las pelos cabelos e guardar as cordas para as prender à cama.
POSTULADOS E MODUS OPERANDI, ou sobre qualquer coisa que me esqueci o nome mas sei que tem a ver com a sociedade.
A maior parte das visões que construímos sobre o mundo que nos rodeia estão completamente inquinadas de modelos padronizados de comportamento. Dessa maneira a socialização é apenas uma parte ínfima de uma aculturação pré-determinada, enraizada em hábitos que se dissolvem em comportamentos e em pensamentos de modelo único. Nesse sentido todo o pensamento produzido à escala de um condicionamento é, na maior parte das vezes, diminuto.
Quando tentam vender a ideia de que os opostos se atraem, ou que, por exemplo, no campo da política, os extremos se situam nas pontas, o erro manifesta-se de uma forma contundente. Toda a teoria política, seja de esquerda ou de direita, resume-se quase toda às mesmas bases: papel do Estado, leis, exército, sociedade, economia, conjunto de cromos que habitam o que se considera ser um país, fronteiras, mercado interno e externo, etc. e tal, a mesma conversa. No fundo, trata-se da mesma organização social mas vista segundo uma perspectiva que não deixa de ser reducionista. A política, partidária ou não, é fértil em não construir nada de novo ou válido. Porque a rejeição de uma ordem que existe não se traduz pela construção do mesmo edifício, em que essa mesma ordem está sustentada, a partir dos seus alicerces. Mesmo que esse edifício tenha sido destruído até só sobrar o pó e os destroços. O oposto nunca se traduz na destruição ou na construção de nada, mesmo de um edifício social estabelecido.
...
Ou é a não consideração do mesmo para a análise. Ou é a inversão dele de cabeça para baixo. Ou é qualquer outra coisa.
Tempo de um poema...
Acordar tarde
tocas as flores murchas que alguém te ofereceu
quando o rio parou de correr e a noite
foi tão luminosa quanto a mota que falhou
a curva- e o serviço postal não funcionou
no dia seguinte
procuras ávido aquilo que o mar não devorou
e passas a língua na cola dos selos lambidos
por assassinos- e a tua mão segurando a faca
cujo gume possui a fatalidade do sangue contaminado
dos amantes ocasionais- nada a fazer
irás sozinho vida dentro
os braços estendidos como se entrasses na água
o corpo num arco de pedra tenso simulando
a casa
onde me abrigo do mortal brilho do meio-dia
Al Berto
O DIÁLOGO QUE SE SEGUE É DA i RESPONSABILIDADE DOS QUE SABEM QUEM SÃO MAS NÃO QUEREM SABER, e foi gravado em segredo no dia em que arranquei com uma navalha o coração do meu peito ( porque com um canivete achei que levaria mais tempo)
- Bem, só espero que não te estejas a meter noutra fria. O teatro de marionetas só interessa a quem segura as cordas.
- Ééééééééé óóóó pá!!! Também eu espero que sim. Quanto às marionetas prefiro segurá-las pelos cabelos e guardar as cordas para as prender à cama.
POSTULADOS E MODUS OPERANDI, ou sobre qualquer coisa que me esqueci o nome mas sei que tem a ver com a sociedade.
A maior parte das visões que construímos sobre o mundo que nos rodeia estão completamente inquinadas de modelos padronizados de comportamento. Dessa maneira a socialização é apenas uma parte ínfima de uma aculturação pré-determinada, enraizada em hábitos que se dissolvem em comportamentos e em pensamentos de modelo único. Nesse sentido todo o pensamento produzido à escala de um condicionamento é, na maior parte das vezes, diminuto.
Quando tentam vender a ideia de que os opostos se atraem, ou que, por exemplo, no campo da política, os extremos se situam nas pontas, o erro manifesta-se de uma forma contundente. Toda a teoria política, seja de esquerda ou de direita, resume-se quase toda às mesmas bases: papel do Estado, leis, exército, sociedade, economia, conjunto de cromos que habitam o que se considera ser um país, fronteiras, mercado interno e externo, etc. e tal, a mesma conversa. No fundo, trata-se da mesma organização social mas vista segundo uma perspectiva que não deixa de ser reducionista. A política, partidária ou não, é fértil em não construir nada de novo ou válido. Porque a rejeição de uma ordem que existe não se traduz pela construção do mesmo edifício, em que essa mesma ordem está sustentada, a partir dos seus alicerces. Mesmo que esse edifício tenha sido destruído até só sobrar o pó e os destroços. O oposto nunca se traduz na destruição ou na construção de nada, mesmo de um edifício social estabelecido.
...
Ou é a não consideração do mesmo para a análise. Ou é a inversão dele de cabeça para baixo. Ou é qualquer outra coisa.
Tempo de um poema...
Acordar tarde
tocas as flores murchas que alguém te ofereceu
quando o rio parou de correr e a noite
foi tão luminosa quanto a mota que falhou
a curva- e o serviço postal não funcionou
no dia seguinte
procuras ávido aquilo que o mar não devorou
e passas a língua na cola dos selos lambidos
por assassinos- e a tua mão segurando a faca
cujo gume possui a fatalidade do sangue contaminado
dos amantes ocasionais- nada a fazer
irás sozinho vida dentro
os braços estendidos como se entrasses na água
o corpo num arco de pedra tenso simulando
a casa
onde me abrigo do mortal brilho do meio-dia
Al Berto
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