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segunda-feira, março 29, 2004

Frase do dia: “Em sombras a luz porque ensombras a luz?!”


Nada a fazer, caminhamos fora do rumo do que seria esperado quando já não há nada a esperar. Assim o fim trágico, lábios cortados, copos e cigarros, anjo da morte no funeral da morte do anjo. Nada a fazer, mais uma vez, apenas, o mais nada a fazer que não significa mais nada. O fim esperado dócil das histórias trágicas dos amantes que fogem ao acaso nos acasos incompletos de moscas caindo no prato de sopa.
Nada a fazer, há que fingir que é fingimento a não existência da dor, nada a fazer, mais nada a fazer.
Escombros incompletos fragmentos do peito que rasga para fora, nada a fazer, o cavalo de fogo sem cascos dourados, nada a fazer, apenas a continuação da frase que não quer dizer mais nada.
Espera-se o politicamente correcto e os sorrisos envenenados de remédio para ratos, nada a fazer, o salutar convívio das pessoas que não se falam, mas que se olham continuamente mais de oito vezes numa festa rasca, nada a fazer, a primavera no seu sufoco engasga-se à terceira garfada, a flor que cresce no peito de quem escreve em Fevereiro a carta de despedida para se matar em Março, mas de olhos vendados, para fora deste mês, nada a fazer, mais um dia no calendário e tudo assim, ao mesmo tempo, deslocado, nada a fazer, a navalha em sangue no rosto desfigurado do tempo, nada mais a fazer, a mesma história que se repete e repete e na sua repetição vai perdendo a piada a piada, nada a fazer.
Nada a fazer, cada segundo que passa constrói um abismo de silêncios, um labirinto de ausências, entre tu e eu, se é que isso ainda existe e tenho dúvidas se é que a própria dúvida existe, nada mais a fazer, mais nada.



“Noite falta de talento do que escreve estas histórias banais de dor de corno espera o telefonema de alguém que não telefona pois já morreu o tempo passa por cima destas linhas com a consciência de que nenhuma das palavras lhe sobreviverá está sozinho não é novidade para a garrafa de vodka mas está demasiado frio e todos os cafés fecharam.
Espera pelo amanhã quando este se lembrar de ser ontem.”


RMM

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