<$BlogRSDURL$>

domingo, fevereiro 08, 2004

O DIÁLOGO QUE SE SEGUE É DA AUTORIA DOS POBRES DE ESPÍRITO, e foi gravado em segredo num convento jesuíta.

- O que é que fizeste ontem?
- Sabes bem que fui a Aveiro com o básico amigo de sempre, o F. A única pessoa que se manteve ao longo destes anos todos. Talvez por também ser um solitário e um anti-social.
- E o que é que fizeram?
- A verdade é que, como é hábito, encontrámo-nos ao acaso na Praça. Não tinha vontade de ficar em casa com a C e o L.
- Porquê?
- Para não me chatearem com a cena de ir para Lisboa e etc. e tal. Além do mais o ambiente não era dos melhores devido à cena da queixa policial.
- Essa é boa!! Ah! Ah! Ah!
- Eu sei que tem uma certa piada, mas para a cabeça da família e de toda a conjuntura, sabes, acaba por ser meio fodido.
- Mas sobre a cena de Aveiro...
- Pois, estivemos na porcaria do café Tropical. Topei os olhos das pessoas...
- Eu sei o que queres dizer, toda a gente, pelo teu aspecto, incluindo esses brasileiros, pensa que dás no cavalo. Chateia-te?
- A verdade é que não me chateia assim tanto. Apesar das cenas do pessoal toino ou do Lapão. Desde que não me prejudique muito... deixai-os pensar! Eu gosto de provocar os fantasmas básicos das pessoas daqui.
- Mas sobre a cena com o F...
- Pois, fomos para Aveiro. Jantámos no mesmo sítio. Depois fomos ao bar, o Chuta Cavalo, depois a casa dele, numa de ressacar, depois fomos a outro bar, penso eu de que. Nisto começou a chover como se o céu nos vomitasse em cima.
- E então que mais?
- Viemos para Coimbra. Fomos ao Piano Negro como o havíamos, já antes, planeado. Quase que podíamos ter ido ao Buraco Negro mas já não havia $ disponível. Já era meio tarde e as coisas talvez já se tivessem estendido até ao seu máximo.
- Rejeitaste o velho vício?
- Sim, eu próprio tenho-me sentido desesperado e com medo.
- Já lá vamos. O resto do dia já se sabe. Não foste com a família ao cemitério, talvez aliado a esse mesmo medo. Viste a R a passar com um gajo qualquer, um namorado seboso...
- Atentemos ao grande preconceito inerente a essa descrição. O nosso grande ódio e desprezo pelo que não se consegue ter devido às múltiplas incapacidades que se conhecem.
- Chateia-te a cena?
- Não digo que não me tenha chateado um pouco. Não sei se era o tanso do DJ D, um dos grandes palhaços do lounge e da pseudo-sociedade dos armados em intelectuais da boémia. No fundo um pessoal que gosta é de estar com um chupa-chupa na boca. Eles que chupem!!!
- Tirando o desprezo, o que mais sentiste?
- Ela foi uma cena que se dissolveu. Houve um tempo em que pensei que poderia surgir qualquer coisa, o quê não sei. Mas havia algo...
- E por que é o Algo deixou de haver?
- Ela foi desaparecendo da minha vista, até mesmo da merda deste sítio em que nada acontece. Eu também deixei de ir ao Lounge e ao States. Não tinha como acompanhar esse circuito e nem sei se o queria!
- E a cena dela passar por ti e não te cumprimentar?
- É estranho, ela evitava mas fazia-se aos meus olhos como se estivesse à espera que eu a chamasse. Metia uma máscara de isolamento nela própria... mas falso, sim... porque eu sei o que é o isolamento e isso sempre está patente na forma como as pessoas me vêem. Podem-me falar de muita coisa... mas não me venham falar de solidão a mim.
- Achas que ela é uma grande vaca?
- Talvez uma pequena vaca. Não era nem podia ser a musa que eu queria, mal grado o poema e a carta para ela. O meu estigma é de tal modo grande que destrói tudo o que estiver à volta.
- Mas também ela surgiu muito devido à conversa do R.
- O R é = a ele próprio, ela para ele seria equivalente. Ele lambuzar-se-ia com as conversas com ela, mas duvido que lhe saltasse à cueca, não obstante as conquistas que começou a alcançar ultimamente.
- Já que morreu, que morra de vez...
- Talvez sim ou não, não sei. A distância é de tal modo grande que já não vejo as coisas. Sei o que as pessoas falam de mim...
- Algo como que etéreo...
- Um corpo sem vida “com os olhos completamente mortos”.
- O teu pai a chatear-te...
- Qualquer coisa que ele me diga é quase como que um ataque. Custa-me muito senti-lo de outra maneira.
- Desististe de pensar na de cabelo preto?
- Mesmo que eu não queira eu penso. Tento é não ter um compromisso tão grande por essa imagem antes que eu me destrua ainda mais. Mais uma vez...
- Como com a R?
- Como com todas. Desde a ex até à homónima dela, a grande desilusão da história toda, de toda esta história, que se foda...
- Quais as soluções?
- “Solução final”, morte de qualquer maneira não vivo há muito tempo. Viajo e vejo os rostos todos com quem não falo, mas com quem já comuniquei mais de mil vezes de mais de mil e uma formas.
- Empresta-me dinheiro?
- Eu passo-te um cheque se disseres que me amas.


Comments: Enviar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

disakala@hotmail.com